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CONTAR HISTÓRIAS

Tempo de contar, tempo de escutar

Contar histórias é partilhar afetos, encontrando nos olhos de quem ouve a centelha de vida e emoção que se precisa para seguir contando.

É sair do tempo cronológico, cotidiano e adentrar no tempo do “era uma vez”, onde tudo se faz possível pelo imaginar e que faz com que “as horas passem voando, assim como pirilampos[1]”.

É partilhar um gosto, uma lembrança, uma escolha. Poder contar o que vivemos, o que ouvimos falar, o que criamos, o que lemos e até mesmo a combinação de tudo isso. O importante é a simplicidade e a naturalidade com que se narra, a palavra professada com verdade e a clareza da intenção do que se diz.

Contar histórias é reativar as imagens deste e de outros tempos, a partir da modulação da voz, da precisão do gesto, do despertar dos sentimentos e do elo que se constrói com quem ouve a partir do olhar.

O contador se faz ao contar. É contando que se aprende a contar melhor. A relação com quem ouve e a percepção do que acontece nesse momento único e efêmero, é que fornece as pistas para o aprimoramento da experiência de narrar. É aí que o contador pode “medir” se a história desperta ou não o interesse do público, se os recursos utilizados estão adequados, se há a necessidade de pausas e de mudança do ritmo da narração entre outros cuidados.

A seleção das histórias pode revelar um pouco sobre quem conta. Ao escolher contar uma história em vez de outra, o contador traz a tona suas crenças, percepções, sonhos e esperanças.

E é essa a riqueza imaterial do contar histórias: cada qual conta a sua maneira, empresta um pouco de si e partilha um pouco do que é.

Como diz a poetisa Glória Kirinus:

Te conto que me contaram

Que se este conto te agrada

Que o contes bem contado

Ao contador do teu lado.

O convite está feito!

[1] KIRINUS, Glória. Te conto que me contaram. São Paulo: Cortez, 2004.

Texto de Felícia Fleck publicado na revista Balô – Comunicação e Entretenimento, 17 de agosto de 2013.


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